terça-feira, 18 de janeiro de 2011

De quantas graças tinha...

De quantas graças tinha, a Natureza
Fez um belo e riquíssimo tesouro,
E com rubis e rosas, neve e ouro,
Formou sublime e angélica beleza.

Pôs na boca os rubis, e na pureza
Do belo rosto as rosas, por quem mouro;
No cabelo o valor do metal louro;
No peito a neve em que a alma tenho acesa.

Mas nos olhos mostrou quanto podia,
E fez deles um sol, onde se apura
A luz mais clara que a do claro dia.

Enfim, Senhora, em vossa compostura
Ela a apurar chegou quanto sabia
De ouro, rosas, rubis, neve e luz pura.

-Luís de Camões

sábado, 8 de janeiro de 2011

Mais um ano de evolução.

Uma antiga mania
me traz a lembrança
cantigas, trovas e melodias
de um tempo presente na espiral de minha história falam de andanças, mudanças e esperanças
sussurram feito água de um remanso ou igarapé...

Esta mania de assoviar
como a imitar o ruído prazeroso da brisa
que da montanha descia para o vale onde nasci
como a quebrar o silêncio na noite fria
vendo o ar expirado, desenhar figuras no vento
contemplando a energia que chega, ventila, flui e se deixa exalar...

Nestes tempos de mudanças
de convívios, bálsamos e alívios,
de correntes, frentes e mentes,
eis que redescubro o assovio,
quando ao cair da tarde,
mansamente ao crepúsculo,
vejo o sol que me ilumina os meus dias.

Percebo que tenho o privilégio de poder participar desta grande festa cósmica, e nela irmanar-me como um minúsculo grão de areia
em meio a multiplicidade e diversidade de seres, capazes de imantar-me, e de me transmitirem paz, harmonia e solidariedade,

Sinto que em meio a eles posso em mais um ano, dar nova volta na espiral do tempo, interromper o assovio, e estar receptivo ao sopro vital que vem dessa vibrante gente humana...

Esta energia para seguir tocando em frente, em busca de minha evolução espiritual somente possível por existirem outros elos desta corrente cósmica que nos mantém vivos, estes elos são as pessoas de nossa vida de relação...

A. Araújo.