... Com ele o sol, a brisa suave, as flores desabrochando
e novas expectativas. E a certeza de que tudo é transitório e se
renova. É só saber esperar que o frio e a chuva passem, ou então aceitar
que tudo é vida e que podem nos trazer coisas boas. Não me refiro às
coisas grandiosas, mas nas pequenas satisfações diárias e que podem
passar sem serem notadas, mas que podem se constituir em luxo para os
menos favorecidos como uma cama quentinha no inverno, um café recém
passado e fumegante com um cheirinho convidativo, um pão saído do forno,
o calor de uma lareira, um chá ou um bolo de chocolate feito com
carinho para ou por pessoas que amamos.
A chuva pode ser ruim, como tudo que for em exagero, mas na medida certa é indispensável para fazer brotar a vida.
Adoro o sol. Creio que não saberia viver sem ele. São
muitos os idosos que não resistem aos meses de inverno, cujos dias
cinzentos levam à depressão.
Pois na primavera o sol parece ser na medida certa.
Nem escasso nem escaldante como no verão. Suficientemente quente e
iluminado possibilitando que seus raios destaquem as diferentes nuances
do colorido das flores. Seus raios se refletem no brilho do olhar das
pessoas tornando o sorriso e a vida mais iluminada.
Setembro tem sabor de recomeço, de coisa nova, de
despertar e, sobretudo de esperança e alegria. Não só para as pessoas.
Também para a natureza que se enfeita e comemora todo o espetáculo da
vida.
Outro dia percebi as andorinhas no céu.
Neste momento, de entardecer suave com os raios do
sol a iluminar as águas que correm mansamente no açude, ouço o cantar
dos pássaros nas árvores próximas com meu companheiro fiel que de longe
deve assemelhar-se a uma gola de pele branca rodeando meu pescoço,
atento aos mínimos movimentos ao redor. A uma distância maior vejo
alguém a cavalgar. Isto aumenta minha vontade de fazer o mesmo.
Lembro uma série de prazeres que desejo me
proporcionar. São metas estabelecidas que por ter escolhido outras
prioridades ainda não pude atingir. O importante é não se sobrecarregar.
Saber fazer cada coisa a seu tempo.
Neste momento estou refazendo rotas, redefinindo objetivos para fazer tudo que me propus, com correção e alegria.
Não é necessário pressa. Para tudo há o momento
certo. Há o tempo de plantar, o de podar, arrancar os galhos secos,
coisas mortas para concentrar as energias, ter mais espaço força e vigor
e assim fazer boa colheita.
É um momento de observação, reflexão e tranquilidade
que me faz mais uma vez ter a exata sensação de que tenho muito a
agradecer.
- Muyrá
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